04/04/2011

O Desafio do Jovem Cristão.

O Desafio do Jovem Cristão. Ronaldo Pereira. Ronaldo Pereira foi um jovem consagrado a Deus na Comunidade de Vida Shalom. Durante alguns anos foi coordenador do Projeto Juventude para Jesus e, em 1995, tendo apenas 24 anos, morreu em um acidente de carro, quando retornava de uma missão. Trazemos neste artigo um trecho do livro “A violência do coração – O desafio do jovem cristão”, lançado pelas Edições Shalom em 1996 e que é uma adaptação para a linguagem escrita de uma das muitas palestras ministradas pelo Ronaldo sobre o assunto. Vale a pena conferir e conhecer um pouco mais sobre a vida desse jovem guerreiro que soube ofertar de forma incondicional a sua vida pelos jovens. Ele havia dito muitas vezes: “Meu maior desejo é dar a vida pelos jovens!”.   Lutas e opções A vida do jovem sempre foi um grande desafio no decorrer da história da humanidade. Além de ter de lidar com uma profunda modificação no seu próprio corpo e psique, o jovem deve também estruturar-se em seu novo papel na sociedade, corresponder ou não à expectativa familiar e social de sua profissionalização, amadurecer em sua vida afetiva e relacionamentos, decidir o seu estado de vida e buscar, em meio a todas essas tarefas desafiadoras, o sentido último de sua existência.   É uma tarefa hercúlea, que talvez muitos adultos não tivessem estrutura para enfrentar em poucos anos, como é exigido do jovem. Analisando a lista do parágrafo anterior, poderíamos acrescentar, ainda, uma infinidade de sub-itens a cada área. No entanto, alguém mais experiente poderia exclamar: “Veja bem, resolvendo o último item da lista, você terá a solução para todos os outros”. É verdade. Encontrando o sentido último de sua vida, o jovem (como, de resto, qualquer outra pessoa) encontrará a condução para todos os seus desafios. Acontece, porém, que esse “sentido último”, buscado há tantos séculos, tem sido posto em cheque nos dias de hoje. Há alguns anos, toda sociedade – mesmo as “não-crentes” – aceitava os valores morais cristãos sem questionamentos. O respeito à vida, à família, a Deus e aos superiores eram valores inquestionáveis. Havia clareza a respeito do que era “certo” e do que era “errado”. Mais: todos procuravam agir de modo adequado à expectativa social, de modo “certo”, e evitavam o modo “errado” de proceder. Nos anos 60, os valores do cristianismo, toda autoridade e tudo o que chamavam de “imposição social” começaram a ser questionados pelos jovens dos países mais desenvolvidos. Seu modo de contestar era o comportamento exatamente contrário ao que a sociedade e o cristianismo apregoavam como “certo”. Surgiu o “amor livre”, a contestação da virgindade antes do casamento, o rock in roll, o uso indiscriminado de drogas, as roupas sujas e esfarrapadas dos hippies, a defesa do aborto legalizado, apregoando a supremacia do prazer sobre todo e qualquer tipo de auto-domínio ou obediência a qualquer lei. A barulheira das músicas cujas letras pregavam os novos ideais atestava que os jovens dos anos 60 rompiam impensadamente com todos os valores defendidos (mas nem sempre vivenciados) por seus pais. Estavam abertas as portas para o que Ralph Martin chamaria de pós-cristianismo – conseqüência de muitos fatores que não nos cabe analisar aqui – mas, muito além disso, os anos 60 geraram os “contra-valores” e levaram o “pós-cristianismo” a desembocar no “anti-cristianismo” dos dias de hoje. Jesus ensina que o nosso “sim” seja “sim” e o nosso “não” seja “não”, e acrescenta: “tudo o que passa disso vem do Maligno” (Mt 5,37). Ele fala de apenas dois caminhos opostos em sua forma e em seu destino: há um caminho largo que leva à perdição, e um estreito, que leva à salvação (cf. Mt 7,13).
Jesus fala ainda dos “violentos de coração”. A transparência e a disposição ao sacrifício propostos por Ele são radicalmente contestados pela mentalidade anti-cristã. Não há mais valor no “sim” e no “não”, mas tudo se torna relativo. Não há mais a Verdade, mas muitas verdades, dependendo da ótica de cada um. O sofrimento não é sequer cogitado como algo contingente à vida humana, mas deve ser evitado de todas as formas e substituído pelo prazer a qualquer custo. A “felicidade” consiste em fazer a própria vontade, doa a quem doer, custe o que custar, ainda que seja o sacrifício da vida dos filhos. O referencial paterno se dilui cada vez mais em um “referencial” meio andrógino e confuso, que se adapta a qualquer tipo de “família”: seja de casados, onde o pai está sempre ausente ou, quando presente, não cumpre seu papel; seja de “descasados”, que se unem a novos parceiros arrasando com o conceito de paternidade e maternidade, lealdade, segurança e estabilidade .