Quanto mais faço a experiência de conhecer as pessoas, tanto mais acredito no ser humano. À medida que vou me descobrindo e descobrindo os outros, mais se torna forte em mim a certeza de que as pessoas – essencialmente – são boas.
Acredito que ninguém erra porque quer e ninguém é infeliz querendo sê-lo, com consciência disso. Todos querem ser felizes, e é impossível que alguém goste de ser frustrado, entretanto, nem todos sabem realmente qual caminho trilhar para alcançar a felicidade.
A mentalidade vigente (paganizada e hedonista) ilude por demais as pessoas: há pessoas vivendo o adultério, perversões sexuais, vícios, etc., acreditando cegamente que estão certas e que esse é o caminho para a felicidade. Isso porque aprenderam a vida toda que o que importa é somente o prazer "a todo custo" e que é somente este que vai lhes trazer a verdadeira alegria.

Neste anseio de compreender os erros e contradições do ser humano, também é necessário avaliar a formação familiar de cada indivíduo. É difícil para um pai, educado à base de pancadas, entender que é, com amor, que se educa um filho; e mesmo quando entende, é necessário um esforço enorme para que consiga expressar esse amor. Para quem nunca recebeu amor, amar e deixar-se amar acaba tornando-se uma "violência", ainda mais se essa pessoa não tem uma concreta experiência do amor de Deus.
Pessoas que tiveram histórias duras e de desamor, muitas vezes, até tentam amar, mas não o conseguem. Tentam externar o amor, mas acabam por encontrar-se encarceradas no território da própria limitação.
Pessoas assim amam como sabem, como hoje são capazes. Mas amam.

Há quem acorde de madrugada, trabalhe o dia inteiro, depois enfrente o trânsito estressante de uma grande cidade e quando chega em casa, à noite, não consegue ser gentil com os seus, como, muitas vezes, gostaria de ser. Entenda-se bem: nossos problemas não podem se tornar justificativas para nossos erros, mas não se pode negar que estes são uma realidade que influencia nosso comportamento.
Isso nos leva a uma compressão do ser humano mais encarnada e misericordiosa, levando-nos a entender o coração antes de condenar a atitude.

Mais uma vez ouso dizer: Muitos não são ruins porque querem. Inúmeras vezes existem fatores condicionantes que levam as pessoas a agir como agem, fatores estes que podem ser desmistificados e até mesmo extirpados com um pouco de paciência e compreensão.
Todos são – em sua essência – bons, mas nem todos sabem disso…
Eis aí uma bela forma de ser cristão: levar às pessoas a consciência do valor que possuem, fazendo-as acreditar na vida e nas próprias potencialidades (à luz da Graça).
Assim daremos à esperança o direito de se estabelecer vitoriosa, dando à vida a oportunidade de ser mais Compreendida e Amada no seu real.
