O cenário é deprimente. Nas ruas obscurecidas, às margens da Beira-Mar de Fortaleza, bares e boates lotam, à medida que os ponteiros apontam para cima, de centenas e centenas de jovens que exasperam no álcool e no sexo livre.
Pelas calçadas vislumbra-se ao longe silhuetas, à primeira vista femininas, confundindo-se com a noite. Algumas são mulheres, prostituindo-se; outras são homens travestidos do sexo oposto. Enganados pela ideologia do gênero, negam a real identidade e assumem gestos, roupas, linguagem e trejeitos híbridos da mistura masculino-feminino, tornando-se, à vista de todos e de si mesmos, personagens indefinidos.

Quem participa de uma vigília de evangelização é renovado em todas as dimensões de sua vida – disso sou testemunha. Gratidão a Deus e esperança são alguns influxos da graça que suplantam o orgulho e a indiferença. O orgulho de “se achar” alguma coisa e a indiferença à humanidade que sofre.
Recordo-me com precisão quando encontrei Arnaldo, aos arredores do Centro Cultural Dragão do Mar, reduto das tribos urbanas da capital cearense. Ele foi o último dos abordados por mim naquela madrugada frienta e que, misteriosamente, aquecia meu coração. Aceitou receber oração e, até hoje, aos poucos, permite Deus entrar na sua vida.
Já o Raul, estava entre os amigos da turma: a simpática Raquel e o tímido Osvaldo – esse é do Interior do Estado e estava curtindo “a noitada”, como costumam dizer num dialeto próprio da noite. De lá para cá, mantive contato com o Raul. Disse-me numa das últimas conversas, via web, que foi muito bom nos ter conhecido, pois, às vezes, do nada ele recebia nossa ligação em momentos realmente difíceis que estava passando.

Estas pessoas evangelizadas na madrugada povoam constantemente minha oração. Minha alma rejubila por cada um, e como Paulo, o destemido evangelizador, escuto ressoar dentro de mim: “vós sois minha coroa e minha alegria”.
Pouco ou nada fizemos, é preciso começar tudo de novo! Nos diria Francisco de Assis, e, ainda podemos descobrir com o pobrezinho de Assis que, o Senhor não nos deu asas para ir até aos confins da terra anunciar o seu Evangelho, mas nos deu irmãos, através dos quais podemos ir aos lugares mais distantes e atingir as pessoas mais necessitadas, aquelas que um dia, como eu, viram a luz de Cristo brilhar em suas noites e fazer surgir uma nova aurora.
*Essas pessoas citadas acima são reais, porém estão com nomes fictícios.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
por Vanderlúcio Souza, Bacharel em filosofia - Comunidade Shalom
Revista Shalom Maná - Ed. Shalom
por Vanderlúcio Souza, Bacharel em filosofia - Comunidade Shalom
Revista Shalom Maná - Ed. Shalom