16/10/2011

O peso de ser eu mesmo.


Padre Zezinho, SCJ

Do livro “ Um Entre Bilhões”

Posso ser pequeno e quase insignificante, mas não sou insignificante. Tenho meu peso. Eu significo, até mesmo quando não pareço pesar. E sou tanto mais significante quando mais aumento minha capacidade de resposta. Todo grão de areia tem seu peso. Eu, que sou um entre bilhões de humanos tenho o meu peso, você tem o seu, cada um de nós tem seu pondus. Por isso quando respondo e pondero, mostro meu peso. Quando uso de minha capacidade de ponderar e respondo começo a fazer a diferença. Deixo de ser número para ser agente de transformação.

Comparado ao peso da Terra, o grão de areia não é muito, mas ele é ponderável, pode ser pesado e junto a outros grãos pode mudar o fiel da balança. Até o Criador, ao nos criar, dotou-nos da capacidade de ponderar, responder, dizer sim ou dizer não. Não flutuamos no existir. Não somos seres etéreos. Temos nosso peso no chão em que pisamos, chão do qual fazemos parte.

Por isso, educar é ensinar a ponderar, a ter consciência do nosso peso, a suportar os nossos pesos, a responder e a corresponder. Família, escola, igrejas que não ensinam a ponderar falham na missão. Quem cria filhos, alunos ou crentes instintivos que deixam para os outros, principalmente para Deus a tarefa de ponderar, cria tiranos, fanáticos ou dependentes. Por isso diz Lucas que Maria ponderava… Elaborava o que via e guardava no coração. Era mulher de peso. Respondeu. Guardou a Palavra e a pôs em prática. Não é sem razão que os católicos acentuam o “sim” de Maria. Jesus a elogiou por isso. Não foi por seus seios e por seu ventre. Foi por sua ponderação e capacidade de responder. Ela sabia do seu peso e do seu lugar na História do Cristo. É o que se lê no Canto de Maria.

Mas Maria guardava todas estas coisas, ponderando-as em seu coração. (Lucas 2,19)

E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam. ( Lc 11,27-28)

Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. (Mateus 7, 24-25)

Eis aqui a serva do Senhor. Aconteça em mim o que diz a tua mensagem. ( cf Lc 1,38)

Maria é modelo para um católico que se sente um entre bilhões. O canto a ela atribuído, ainda que seja no seu todo muito semelhante ao de Ana de Elcana, mãe de Samuel, o canto mostra como a mãe de Jesus exerceu a auto- estima, sem cair em estima excessiva de si.

46 Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,

47 E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;

48 Porque atentou para a pequenez de sua serva; pois eis que de agora em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada,

49 Porque em mim fez grandes coisas o Poderoso; Seu nome é santo.

50 E a sua misericórdia é de geração em geração Sobre os que o temem.

51 Com o seu braço agiu fortemente; dispersou os soberbos e desmascarou-os mostrando o que eles pensam.

52 Depôs os poderosos dos tronos e elevou os humildes.

53 Encheu de bens os que tinham fome, e despediu os ricos de mãos vazias.

54 Auxiliou a Israel seu servo, Recordando-se da sua misericórdia;

55 Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.

56 E Maria ficou com ela quase três meses, e depois voltou para sua casa. ( Lc 1,46-56)

Maria comunicou-se, entendeu o peso que lhe punham nos ombros e correspondeu!